De acordo com estudo realizado no Japão, existe uma relação entre a síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) e o aumento da fadiga e dor nas articulações em mulheres na pós-menopausa.
Segundo disse o Dr. Masakazu Terauchi, da Tokyo Medical and Dental University, à Reuters Health, “as mulheres que reclamam de dores nas articulações podem ser boas candidatas a realizar o exame de polissonografia para investigar se têm SAOS ou não, especialmente quando também queixam-se de fadiga”. À medida que as mulheres entram na menopausa, a apneia do sono aumenta. A prevalência da apneia do sono chega a ser 4,5 vezes maior em mulheres na pós-menopausa do que em mulheres antes da menopausa. As dores nas articulações também são mais comuns após a menopausa. Acredita-se que ambos podem ser desencadeados pela redução dos níveis de estrogênio no organismo.
Dr. Terauchi e colegas avaliaram a relação entre os parâmetros da apnéia do sono e diversos sintomas em 51 mulheres na pós-menopausa com distúrbios do sono resistentes ao tratamento, incluindo sete diagnosticadas com SAOS.
O índice de distúrbio respiratório (IDR), o número de eventos respiratórios anormais por hora de sono e a saturação transcutânea de oxigênio (SpO2) foram monitorados por meio de um monitor portátil durante uma noite de sono.
Os pesquisadores observaram uma relação significativa entre dor nas articulações e um maior RDI, isto é, maior gravidade da SAOS no Questionário para Avaliação da Síndrome do Climatério em Mulheres Japonesas. Esta associação foi caracterizada após ajuste para múltiplos fatores de confusão (P = 0,016). Foi observada também uma associação significativa entre saturação de oxigênio e a fatigabilidade através do Índice Médico de Cornell (P = 0,007).
Os resultados estão de acordo com um estudo realizado em 2020 pelos mesmos pesquisadores, que mostrou associação de dores musculares e articulares à insônia em mulheres de meia-idade.
Segundo a Dr. Stephanie Faubion, diretora médica da Sociedade Norte-Americana de Menopausa, este estudo destaca uma oportunidade para aumentar o diagnóstico de mulheres com SAOS, que é subdiagnosticada em mulheres que muitas vezes apresentam sintomas vagos, como insônia, fadiga e dores de cabeça matinais. Acrescentou também, que de acordo com os achados do estudo, a dor nas articulações pode ser outro sintoma que deve levar à consideração do diagnóstico de SAOS em mulheres.
No Brasil, uma pesquisa com 407 mulheres, realizada pelo Departamento de Psicobiologia da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) – Campus São Paulo, constatou que com o envelhecimento natural da mulher há a perda da função ovariana e uma série de consequências negativas à saúde, sendo as disfunções respiratórias do sono, como a síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS), muito relevantes no contexto clínico.
A SAOS é um distúrbio de sono que acomete um terço da população, em qualquer período da vida, mas principalmente mulheres após a menopausa. É caracterizada pelo colapso repetitivo, parcial ou completo da via aérea superior que, durante o sono, esse distúrbio promove mudança no padrão ventilatório e aumento na frequência de despertares.
Após análise dos resultados, os autores observaram 68,4% das mulheres que tiveram o diagnóstico confirmado para o tipo mais grave desse distúrbio de sono estavam em pós-menopausa tardia. Além disso, os pesquisadores descobriram que a medida de 87,5 cm de circunferência de cintura foi capaz de identificar voluntárias que tinham a SAOS em relação às mulheres que não tinham o distúrbio de sono, com uma taxa de acerto superior a 75%.
Esse texto foi publicado no Medscape – Rheumatology e da www.unifesp.br
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